terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Turbantes Coloridos: Diversas Tribos, Uma Unica Sangha

Para quem não sabe, professores e praticantes de kundalini yoga usam turbantes ou cobrem as cabeças pois o principal foco dessa tecnologia e trazer a energia dos chakras inferiores para os superiores, fazendo com que a energia sutil desperte o seu Ser. O uso do turbante faz com que as temporas sejam pressionadas, estimulando a glândula pituitaria e consequentemente o sexto chakra localizado entre as sobrancelhas. De preferencia, o turbante deve ser branco para captar e concentrar mais energia.
Apesar de gostar e respeitar o branco nas vestimentas como uma professora de kundalini yoga, cores sempre fizeram parte da mim. Tanto na minha casa, como no meu consultório, quanto nas minhas roupas, e nos meus turbantes durante as aulas.
Talvez as cores definam minha integracao com o mundo. Gosto de ver o mundo colorido apreciando as diferenças e a individualidade de cada pessoa. Dificilmente enxergo o mundo preto e branco, antes devido a minha condicao de terapeuta e hoje muito mais com a yoga, afinal todos os pontos de vista são bem vindos, não existe certo ou errado, preto ou branco, e sim vários tons de cores.
A kundalini yoga representa para mim uma das cores mais lindas do arco-iris. E ela que me eleva, que me faz conectar com a energia sutil do Ser, e me leva para o estado de profundo "bliss", como um "natural high" ou êxtase, cada dia mais agradecida pela vida e por existir… Sim, profundo! Mas ela não e o único caminho, ou talvez eu precise de outras cores para completar meu eu.
Pratico todos os tipos de yoga, afinal yoga e yoga. Você terá os mesmo beneficios, talvez em níveis diferentes, mas os mesmos! Adoro a fluidez do Vinyasa, o alinhamento do Iyengar, o relaxamento do Nidra… Entoar os mantras védicos me faz conectar com a energia sutil também. E as diferentes meditacoes me faz experienciar inumeros beneficios.
E assim, em constante movimento transitando em "diferentes yogas", transito em diferentes situacoes na minha vida: obstáculos e conquistas, perdas e ganhos, alegrias e tristezas. Transito nas inúmeras personagens do meu ser: a professora de yoga, a praticante, a psicologa desportiva, a esportista, a mulher, filha….. Circulo em qualquer local, seja no boteco ou na festa "high society"… Tenho amigos de vários jeitos e varias tribos.
Sem personalidade? Não, apenas não me identifico com o unico. Sou curiosa e aventureira por natureza.


Há anos que a yoga faz parte da minha vida e por isso acabei me relacionando com muitas pessoas desse circulo. Adoro circular entre as diferentes tribos da yoga. Pessoas que conheci em retiros, viagens de peregrinacao, cursos… são tantas pessoas queridas que as vezes não nos falamos com frequência mas sinto a presença de todos muito intensamente.
Alguns dias atrás conclui mais um curso de formacao que durou o ano todo. Não tem como essas pessoas do curso não serem importantes. Investigamos juntos. Crescemos juntos. Choramos e rimos juntos. Não são apenas amigos, e uma forca sagrada que nos une.
E uma bencao tao grande, que ao mesmo tempo que essa sangha revive o ultimo encontro com fotos no Facebook, a sangha da Índia do ano passado agita um encontro, a sangha da Índia do ano retrasado posta fotos saudosas da viagem que parece ter ocorrido poucos dias atrás e a sangha da kundalini organiza o encontro para estudo..

Outro dia no satsang do Marco Schultz, encontrei duas amigas mitras que conheci há 2 anos atrás na Índia, e que não via desde então. O contexto do satsang requer silencio, e foi no nobre silencio em nos que percebemos que o encontro não precisava de palavras… Os olhares, os abraços e as lagrimas disseram tudo!


Ek Ong Kar… somos todos UM! Parece não haver tempo e espaço ou diferença alguma com uma conexão tao linda como essa. Honro todos aqueles que de alguma maneira fazem parte da minha vida, com profunda gratidão, pois sou uma extensão de cada um. Ate mesmo aqueles que por algum motivo me desafiaram. Talvez sou ate mais grata a esses do que aqueles que me fazem sorrir. Afinal, aprendi, amadureci e evolui. Sou sim, abençoada e agradecida por tantas cores que fazem da minha vida... um arco-iris repleto de potes de ouro!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Relacionamentos Autênticos

 "Relacionamentos Autênticos" e o tema de um dos módulos do curso de aprofundamento para professores de kundalini yoga, no qual eu passei uma semana de imersão no ashram Prana Prana da querida mestra Subagh Kaur localizado nas reservas florestais da Serra da Cantareira.
Você deve estar perguntando o que seria "relacionamentos autênticos"?
Para 1 semana de curso afirmo que e um assunto profundo e complexo, por isso não me estenderei a nomear e discutir todos os conceitos.
Uma coisa e certa, parece que necessitamos de relacoes para nossa sobrevivencia. Desde a dependência dos primeiros anos de vida com uma figura materna, ate o fim das nossas vidas com diferentes pessoas e formas de se relacionar. O relacionamento faz com que nos conhecemos gracas a essa interacao. E como um espelho que e refletido o melhor de você e também o pior de você, sua sombra.
A autenticidade vem de uma certa consciência necessária para você estar inteiro, presente naquela relacao. Se temos consciência sabemos exatamente o que somos e o que projetamos na interacao com o outro por exemplo. Por isso, se relacionar com o outro sem nem ao menos se relacionar consigo mesmo e como andar na escuridão; você tropeça, cai sem saber por que, e acaba acusando sem ao menos enchergar. A auto-investigacao ou o auto-conhecimento, e fundamental para obter um relacionamento autentico com você e consequentemente com os outros.
Relacionamentos amorosos cada dia que passa esta menos autênticos na minha opinião. Ninguém mais tem paciência de se relacionar com o outro justamente porque não tem uma solida conexão consigo mesmo. A maioria esta tao presa ao ego que o discurso se torna: "o que eu quero no outro para me fazer feliz". Não! Relacionamentos não estão em prateleiras do supermercado e muito menos e para você. Adorei o blog de um americano que dizia "Marriage is not for you" (casamento não e para você). Não e mesmo. Casamento ou qualquer relacionamento e a respeito do outro e não de você. O carinho e o amor são doados, portanto nada fica para você, e sim para o outro.
E claro que a posse ou o controle acontece em uma relacao simplesmente porque são pessoas carentes de amor. E este amor eu classifico como amor menor, ou amor egoico. Relacionamentos autênticos e também a conexão que você tem com o Amor Maior, seja ele Deus, o Universo, a Natureza, ou qualquer forca maior que faz você inspirar todos os milésimos de segundos e que te inspira a viver.
Se não tivermos essa consciência dessa Forca e o que somos, fatalmente teremos dificuldades em nossas relacoes externas.
Somos também energia e temos um lado masculino e feminino. As mulheres por exemplo possuem 60% de energia feminina e 40% masculina. A energia feminina e a criatividade, a sensibilidade, a intuicao, a graciosidade e a capacidade de cuidar. A energia masculina e o racional, o estável, o guerreiro, e que esta sempre em acao. Ambos, homens e mulheres possuem todas essas caracteristicas, mas em diferentes níveis de intensidade. Portanto, a mulher 'e insegura por sua natureza e por isso que ela precisa de uma certa segurança da estabilidade masculina. O homem e como a haste de uma planta que da suporte, segurança, para os troncos crescerem, surgirem folhas, movimento e ate florirem. A mulher necessita dessa estabilidade para circular, intuir, criar.
Nos dias de hoje, os papeis masculinos e femininos estão confusos. Acredito que muitas mulheres estão oprimindo sua energia feminina com tantos deveres e acoes da energia masculina. E muitos homens não conseguem colocar segurança e ter acao de provedor. Não há nada de errado, as mulheres serem independentes, guerreiras, provedoras. Sou ate uma delas. O que me preocupa e se o lado criativo, intuitivo e os cuidados da mulher não esta sendo oprimidos com as exigências sociais de uma mulher moderna. E necessário um equilíbrio energético por isso tanto os homens quanto as mulheres precisam estar atentos a essas distribuicoes de energia.
Confesso que quando escuto as conversas de academia, conhecidos, pacientes, fico pensado em quantos tipos de relacionamentos existem por ai. Poucos são os autênticos.
No curso, Subagh nos presenteou com as estorias dos casamentos da religião Sikh, onde ate mesmo o sexo era com data marcada mesmo com anos de casamento. Dias de preparacao e horas de amor… Nem sei como definir sexo na nossa sociedade nos dias atuais.
Independente da cultura Sikh, fazer amor ou relacionar-se e estar por inteiro, na Presença, no aqui- agora, consciente do Amor que e você e reconhecendo o Amor no outro... doar-se na entrega do mistério como você confia que a cada expiracao vem uma inspiracao. O ego, o querer, as expectativas ficam pequenas quando você descobre o que e Amor…
Portanto relacionamento autentico, nada mais e do que Prem, o Verdadeiro Amor.




sábado, 9 de novembro de 2013

O Silencio


Desde criança o silencio me instigava. Talvez porque tinha problemas com palavras. Nunca conseguia (e talvez ate hoje não consigo) descrever exatamente o que passa dentro de mim.  Minhas brincadeiras era adivinhar o que as outras pessoas pensavam e pedia para meus irmãos adivinhassem o que eu estava pensando naquele momento, um ensaio de uma comunicacao por telepatia. Cresci ouvindo Rita Lee e ficava imaginando o que seria "fazer amor por telepatia" na minha cancao favorita de "Mania de Você". Introvertida e tímida na minha infância, relutei por um tempo a minha voz. Gostava de observar, sentir, e ouvir muito mais do que falar. Claro que a fala e tao importante quanto, mas sempre achei que havia um certo exagero, ou "barulho" no mundo. Achava que as pessoas falavam demais, que "enrolavam" muito mais do que se comunicavam. Fui aprendendo a "enrolar" na adolescencia, e me tornei mestra nas mais longas e detalhadas estorias para as minhas amigas intimas… E assim quando crescemos vamos perdendo o nosso grande mestre, nosso Eu.
Com o tempo, a yoga e a meditacao foi me ensinando a resgatar, compreender e aperfeiçoar o silencio. Afinal, pensamos que estar em silencio e apenas ficar calado e não damos conta aos "barulhos" internos da nossa mente. As vezes o barulho interno e maior que o externo e falhamos achando que estamos em silencio. Enquanto houver turbilhoes de pensamentos, nunca estaremos em silencio.
Na kundalini yoga, a maior parte das meditacoes utilizamos mantras, ate porque necessitamos dessa comunicacao entre mente e coracao através da fala. O mantra serve também para focar a mente, e a maneira mais simples e eficaz de não desperdiçarmos energia pensando em varias coisas ao mesmo tempo. Com a pratica, o silencio pós meditacao se torna o momento talvez mais importante para alcançar "shunia", ou seja, uma mente neutra, vazia e sem pensamentos, pois a mente foi condicionada a cada vez menos produzir pensamentos com o mantra e entrar em contato com algo maior do que seu ego.
Com ensinamentos do meu irmão budista fui aprendendo a meditar em silencio sem os mantras. Este ano no curso do Marco Schultz também. Fiz um compromisso comigo mesma de implementar o silencio nas minhas meditacoes diárias. E ate mesmo apos o retiro de silencio algumas semanas atrás, sinto necessidade da meditacao mais vezes ao dia.
O caminho para o silencio na realidade não importa. São vários caminhos para o mesmo lugar. Seja através de diversos tipos de meditacao, seja contemplando a natureza ou qualquer outra forma de amor e entrega.
Talvez a sensacao da infância de não conseguir me expressar, seja da tamanha grandeza e de um certo mistério que nos cerca. As palavras ficam pequenas em contato com o silencio verdadeiro.
O silencio para mim e um encontro. Quando você não se identifica mais com seu ego, com seus pensamentos, você passa a se conectar com algo maior do que você. Da mesma forma que você observa e contempla a natureza, existe um mistério ali que silencia, que basta. E posso dizer que a vida fica tao mais iluminada através do silencio ate mesmo nas suas relações cotidianas. Um olhar, um sorriso, um gesto, um toque comungando o silencio que existe em nos, na presença, no aqui-agora...



 "Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamos-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veêm rostos. Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão : "toca", se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te" ... "Na verdade, somos uma só alma, tu e eu, Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti, Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu..." (Rumi)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Curso de Formacao e Aprofundamento em Yoga e Meditacao com Marco Schultz

Apos viajar para Índia em 2012 com o Marco, participar de seus retiros e satsangs, decidi que em 2013 faria seu curso de formacao e aprofundamento no Yoga.
Escolhi a opcao do curso extensivo, ano todo, com encontros no ultimo final de semana de cada mês.
O curso foi imensamente rico com as aulas praticas e teóricas. Vários convidados, e um mais especial que o outro. 
A intencao do curso como o nome diz, não era apenas conhecer o lado físico nos asanas do yoga, mas também entender o que realmente 'e o Yoga. O curso foi integrando diferentes religiões, abordagens terapêuticas, astrologia... e ao mesmo tempo a relacao dessa integracao com o nosso Ser através de reflexões sobre o auto-conhecimento.
A cada encontro e a cada retiro a turma se expandia e se unia em sangha. Foi lindo e muito especial sentir essa transicao de individuo para o "nos" como todo.
O retiro de 1 semana na metade do curso do extensivo e a na conclusão do curso intensivo foi realizado na Montanha Encantada em Garopaba. A união da sangha de Floripa e a de São Paulo na imersão de um retiro naquele lugar abençoado junto aos ensinamentos de convidados fantásticos foi certamente um marco, ou um divisor de aguas para todos nos.
No segundo semestre me comprometi aos retiros e consegui estender minhas meditacoes diárias na minha rotina. Como mudei de trabalho, tudo conspirou para uma melhor fluidez e entrega. A qualidade do meu sadhana e do meu dia mudaram não só porque tinha mais tempo, mas como o curso proporcionava insights para o auto-conhecimento, passei a trabalhar mais metas nas questões praticas do meu ser.
Alem do retiro da Montanha Encantada, o retiro "Destino e Livre Arbítrio" da querida astróloga e professora de yoga Fernanda Zanini, e o retiro do silencio do Marco foram preciosos para mais insights.
Foram dias intensos e profundos na investigacao do ser com a Fernanda, e dias de reflexões e muita meditacao com o Marco. Como os retiros foram muito próximos um do outro, fui convidada para uma imersão de profundo auto-conhecimento e a pureza da magia do silencio.
Mais um ano abençoado, com muitos ensinamentos, conhecendo pessoas incríveis, trabalhando não para uma pessoa melhor, mas deixando cada vez mais cair todas as mascaras que aprisionam meu verdadeiro EU!
Não tenho palavras para expressar minha gratidão ao Marco, aos assistentes, a sangha, e ate a mim mesma, honrando a personagem nessa aventura.
A peregrina continua seu caminhar ainda mais cheia de Amor e Gratidão...
Segue...
Namaste!
http://www.mauriciobastos.art.br



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um Novo Despertar

Desde qdo me tornei professora de yoga vi o quanto de psicologia poderia ser trabalhada em cada asana (postura) e o quanto a yoga se torna um instrumento de superação de inúmeras manifestações psicológicas, tanto lidar com um obstáculo, quanto lidar com suas próprias emoções, como o medo ou a ansiedade por exemplo. 

Acredito que a dança, a yoga, o esporte, são veículos para o auto-conhecimento, pois nao e a toa que estamos sempre , tanto físicamente como mentalmente, em movimento. E e essa movimentacao que influencia nas nossas vidas. O alerta esta qdo nao prestamos atencao em como nos movimentamos. Um atleta ansioso demais, tera sua respiracao alterada e os movimentos do corpo restritas, o que nao facilitara na sua performance. Quando respiramos conscientes, respeitando nosso corpo e com nossa mente no aqui e agora, tudo flui! Esta tudo ligado (Tadasti). E a yoga como o proprio nome diz, e a união, integração. A yoga nao e religião nem atividade física, simplesmente uma maneira de você viver no seu maior potencial com harmonia.


E por isso que venho desenvolvendo um novo trabalho durante ha algum tempo com, agora meu socio, Luis Turisco. Acreditamos no bem-estar do atleta. Na psicologia desportiva referimos a mente totalmente focada aquela que entra no que os americanos chamam "the zone". Uma zona de plenitude onde tudo flui sem esforco, isto e, um estado meditativo onde nao ha ocilacoes de pensamentos. Entao concluimos que para atingir este estado de alta performance, e preciso estar bem com seu fisico satisfeito com seu treinamento; seu mental sem conflitos com seus pensamentos, ou seja, no aqui-agora; e com sua alma, se nutrindo de fe. 

Quando este tripe esta equilibrado o atleta ou qualquer pessoa faz com que sua vida fique equilibrada, pois a pessoa tem consciencia de que e o grande responsavel. O mundo e apenas o reflexo de como agimos. Nao tem como reclamar ou acusar o outro quando o tripe esta em equilibrio, e e por isso que tudo flui.

Adivinha quem e o nosso maior inimigo? Pois e, nos mesmos! Nos sabotamos, acreditamos nos nossos pensamentos, ficamos com duvida, medo, ansiosos, depressivos... e ainda a culpa e do mundo que esta nos deixando assim... e assim vai... uma bola de neve de acoes e reacoes...

Sabemos entao que estamos sempre em movimento. Sem movimento estaremos mortos. Entao o que e preciso e saber conduzir esse movimento durante todos os dias de nossas vidas... saber dancar nao apenas com seu corpo mas com seus pensamentos, dedicar a danca cantando para seu Deus, e sorrir de agradecimento pelo ser que voce e nesse momento...


domingo, 12 de maio de 2013

Maha Kumbh Mela 2013

O Kumbh Mela (de khumb, "pote" e mela, "festival") é o principal festival do hinduísmo, que ocorre quatro vezes a cada doze anos na Índia, rodando por quatro cidades: Allahabad, Ujjain, Nasik e Haridwar. Cada ciclo de doze anos inclui o Maha Kumbh Mela (maha = maior) em Allahabad, onde milhões de devotos hindus se reúnem para se banhar no Sangam, local de encontro dos rios sagrados Ganges, Yamuna e Saraswati para se purificar, naquele que é o maior festival religioso do mundo.

O Khumbh Mela se baseia numa lenda na qual deuses e demônios entraram em guerra por causa de um pote que continha o néctar da imortalidade. Algumas gotas do néctar caíram em quatro cidades na Índia: Allahabad, Ujjain, Nasik e Haridwar, onde o Khumbh Mela acontece sucessivamente a cada três anos.



Segundo a cosmologia hindu, o rio Ganges tem origem nos céus. Este grande festival que ocorre ao redor do Ganges, é uma celebração da criação. Segundo uma fábula, os deuses e os demônios lutavam pela "kumbh" (jarra, pote), onde se encontrava o "amrit" (néctar), criado pelo "sagar manthan" (o escumar dos oceanos). Jayant, filho de Indra, escapou com a kumbh e por 12 dias consecutivos (12 anos para a humanidade) os demônios lutaram contra os deuses pela posse da jarra. Finalmente, venceram os deuses, beberam o "amrit" e alcançaram a imortalidade.
Durante a batalha pela posse da "kumbh", quatro gotas de "amrit" caíram na terra, em Allahabad, Haridwar, Nasik e Ujjain, as quatro cidades onde o festival da Kumbh Mela tem lugar. Até hoje, a cada 12 anos, cada uma dessas cidades é sede da mela.

Os dias dos banhos auspiciosos e mais importantes do Kumbh são calculados na astrologia de acordo com a posicao do sol, da lua e Júpiter.

Fiquei 10 dias em Allahabad no acampamento do Prem Baba. Foi uma feliz "coincidencia" pois estava curiosa por conhecer mais sobre esse guru brasileiro que vive parte na Índia, parte no Brasil, expandindo sua luz e seus ensinamentos através de seus satsangs. Acabei me separando do grupo californiano o qual tinha me inscrito para me aventurar nos dias do Kumbh ao lado de brasileiros incríveis que acabaram se tornando queridos amigos. Nestes dois anos de Índia, com certeza, um dos maiores presentes foram as preciosas amizades!



Todos os dias saiamos do acampamento e caminhávamos durante o dia todo visitando os acampamentos dos mais diferentes sadhus. Os sadhus são como monges andarilhos, que fazem votos de desapego, renunciam de bens materiais e se dedicam a vida espiritual. São conhecidos como "babas" e são famosos praticantes de yoga. No seu foco pela iluminacao, eles fazem diferentes votos. Os naga sadhus abdicam-se de qualquer vestimenta e andam nus com o corpo coberto de cinzas. Alguns sadhus jejuam por longos períodos de tempo, outros não sentam ou deitam, outros erguem o braco e vivem com o braco levantado como e o caso do famoso baba Amar Barati que abandonou sua família e todos seus bens para devocao de Shiva. Há mais de 30 anos tem seu braco levantado por manifesto de paz. Sofreu dores absurdas ate seu braco perder sua funcao e ficar atrofiado e preso em uma posicao semi vertical.



Tive o privilegio de conversar com alguns sadhus. Muitos deles homens extremamente cultos e sábios. Foram desde ensinamentos de yoga e pranayama a conversas profundas. Uma tarde marcante foi na escadaria do rio Yamuna que um Baba lindo, um verdadeiro "Lorde", sentou-se ao meu lado e dos meus amigos e ficamos horas e horas ouvindo, contemplando, meditando, sentindo a Presença em todos nos. Ao entardecer, assistimos ao ritual do fogo, conhecido como Aarti a beira do rio, e ele não só nos acompanhou como nos ensinou os mantras e só depois do termino do ritual seguiu de volta ao seu acampamento.





Presenciamos o primeiro dia da lua cheia de janeiro onde teria um dos auspiciosos banhos nos encontros dos rios sagrados. Ao amanhecer assistimos ao ritual e depois nos banhamos na juncão dos rios. Foi muito emocionante pois não tem como não entrar na mesma sintonia de entrega e devocao e realmente sentir-se abençoada.


Foram dias de preces, muitas preces. Confesso que era difícil de dormir não pelo frio mas pela energia daquele lugar. Eram alto falantes espalhados por todos os acampamentos com os sons dos mantras dia e noite sem parar, e faziam com que ficássemos embriagados naquela energia de puro amor e devocao. Dificil foi voltar... 










segunda-feira, 22 de abril de 2013

Amritsar- Golden Temple

Passei 1 ano contando os dias para regressar a terra sagrada... Apos visitar algumas regiões da Índia no ano passado, ficou faltando um lugar muito especial cheia de significados para mim, a terra dos Siks, da Kundalini Yoga, de Yogi Bhajan... Amritsar.
Desta vez estava sozinha, uma amiga que iria comigo fez outros planos e acabou deixando a Índia apos alguns dias. Sempre ouvi falar que ou você ama ou odeia a Índia. Eu acredito alem, que a Índia "chama" quem esta pronto a senti-la, cheira-la, experimenta-la. A Índia e para poucos. Poucos são capazes de compreende-la.
Foi uma emocao muito grande chegar a Amritsar, alem de encarar a Índia com meus próprios pés. Cheguei ao entardecer, com um por do sol maravilhoso, caracteristico pelas diversas cores e profundidade. Foi uma emocao reconectar com aquela energia, cores vibrantes, barulhos de buzinas de tuc tuc misturadas com os cantos de diversos mantras, e claro aquele cheiro forte das especiarias indianas.
A noite fui ao templo dourado, o Golden Temple. Este e o maior templo dos Sikhs na Índia. Estava muito frio, e com os pés descalços andei no mármore gelado em torno do templo. O templo estava todo iluminado e o lago ao seu redor refletia todo aquele ouro. Nunca vi algo tao lindo. Em todos os cantos externos tinham auto-falantes emanando as vibracoes dos cantos sagrados do JapJi que acontecia dentro do templo pelos mais renomados Sikhs. O livro sagrado e cantado 24h por dia. Os Sikhs se revezam e não deixam de emanar a mais vibrante energia.
Andei aos redores, entrei no templo, assisti a cerimonia, meditei, meditei, meditei... Embriagada naquela energia passei a madrugada inteira ali... Esqueci da hora, esqueci do frio, esqueci de tudo. Lagrimas percorriam meu rosto sem parar, com profundo Amor e Gratidão.
Os Siks são conhecidos por integrar e aceitar todas as religiões e culturas. Como forma de amor, servir e muito importante. A limpeza do templo e impecável e comida e oferecida na saída do templo para todos os visitantes. Não tem como não encher seu coracao de tanto Amor e reconhecer o Divino em cada um de nos.
Voltei para o hotel ao nascer do sol, melhor "balada" da minha vida!! rs...
Fiquei 5 dias em Amritsar e horas e horas por dia no templo. Consegui visitar a fronteira com o Paquistão e visitar os templos hindus de Durga e Hanuman também.
Conhecer mais a fundo a cultura Sikh e vivenciar tudo o que os meus gurus californianos diziam, foi uma experiência única. Me senti aquela criança que fantasiou o tempo todo em ver o Mickey e chega na Disney pela primeira vez.
E a viagem continuava, afinal o maior festival indiano estava por vir... Kumbh Mela!!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Yoga: fisico, mental e espiritual


    Yoga está muito bem alicerçado na visão holística do Ser, e tem a saúde física e mental como sua meta.
    Toda doença é apenas um reflexo do desequilíbrio interno, no momento em que estabelecemos este equilibrio, a saúde retorna.
    A tradicional ciência do Yoga mais a consciência da Leitura Corporal são poderosas ferramentas para restabelecer o equilibrio no corpo e na mente.
    Na visão do Yoga, existe apenas uma doença, que é o nível de distanciamento entre o Ego e o SER, entre a Personalidade e a Pessoa.
    Quanto mais distantes nos encontramos de nós mesmos, ou seja, de nossa essência eterna e divina e não nos expressamos, ou seja, não somos o que vibra na nossa alma, mais doentes nos encontramos.
    Todas as doenças físicas e mentais são sintomas desta causa primeira.
    A dor (duhkha) é o mecanismo que nos traz mais perto de nós mesmos, para percebermos aquilo que clama internamente pedindo consciência e expressão...
    Muitos estudos têm sido feitos no campo psicofísico, e têm demostrado a doença como instrumento para o despertar, para a Saúde, para a AutoCura...
    Negar a doença é nos distanciarmos mais ainda, é negar o próprio movimento interno de transformação.
    Nosso Ser existe em uma dimensão que transpõe o corpo físico...
    Somos sentimentos, pensamentos, energia potencializada.
    Estas dimensões fazem parte da nossa percepção do mundo, e com elas criamos nossa realidade relativa, instante a instante.
    Tornamo-nos aquilo que projetamos... com nossa mente distanciada ou não, da Realidade Absoluta que somos.
    Com tudo isso, vamos criando padrões de crenças, condutas, hábitos, tendências, preconceitos, críticas que vão gerando dor, levando sofrimento e produzindo enfermidades no corpo físico.
    A doença é uma forma de liberar a energia estagnada, não expressa, em conflito, antagônica e destoante do Ser...
    Os níveis de separação são a base da doença e isto se expressa como aflição e sofrimento (duhkha).
    Os cinco níveis de separação se apresentam como:

    1. NÍVEL FÍSICO - a não-percepção do corpo (necessidades e fraquezas);

    2. NÍVEL DE ENERGIA - não percepção da respiração e seus ritmos;

    3. NÍVEL EMOCIONAL - falta de percepção dos sentidos, emoções e sentimentos e sua não expressão;

    4. NÍVEL MENTAL - deixar-se dominar pelos padrões mentais;

    5. NÍVEL ESPIRITUAL - não reconhecer a presença do Ser interior.

    Duhkha (sofrimento) é um estado de não se estar bem física, mental e espiritualmente.
    "A dor que sinto, é a dor de desapegar do que não tem mais sentido para mim... "
    Nosso estado interno determina o grau de sofrimento que vamos atraindo para nós mesmos.
    A libertação do sofrimento envolve o despertar do conhecimento de nossa real natureza, ou seja, AutoConsciência e Mudança comportamental, para percebermos e lembrarmos QUEM REALMENTE SOMOS...

    Esta consciência de quem somos (Atma-vicara) é o grande trabalho que temos a realizar nesta vida.
    PATANJALI, no Yoga Sutra. dá a causa do sofrimento (duhkha), quando aborda a filosofia dos Klesas (cinco aflições), como segue abaixo:

    KLESAS - "Causas da miséria e aflições humanas"

    1. AVIDYA - Ignorância
    2. ASMITA - Egoísmo
    3. RAGA - Apego
    4. DVESA - Aversão
    5. ABHINIVESA - Apego à vida

    Estes, são as raízes do karma e produzem toda a espécie de experiência na vida.

    Avidya (ignorância) é a causa de toda a dor e sofrimento; enquanto ela perdurar, dará seus frutos (karma).
    Sutra II-16: "A dor que ainda não veio pode e deve ser percebiba antes de se materializar no corpo físico."

    Sutra II-26: "A prática ininterrupta do PERCEBIMENTO DO REAL é o meio de destruir a Avidya, a ignorância."

    Sutra II-33, Patanjali ensina Pratipaksa Bhavanam para manter a mente livre de perturbação:
    Quando a mente é perturbada por pensamentos impróprios, a constante ponderação sobre os opostos é o remédio. Pratipaksha Bhavanam é uma prática de controle da mente e, gradualmente, guiando-a a agir de acordo com nossas metas de yoga. O "grande voto de Yoga" é o voto que se abstenham da violência, desonestidade, roubo, indulgência irresponsável, ou ganância.

    E no Yoga Sutra I-33, Patanjali dá as Quatro Chaves que abrem a porta da felicidade (sukha):

    Alcança-se a tranquilidade imperturbável da mente mediante o cultivo da:

    AFABILIDADE para com os felizes;
    COMPAIXÃO para com os infelizes;
    PRAZER face ao virtuoso;
    IMPERTURBABILIDADE diante dos erros dos outros.

    Esta visão é um caminho de consciência sobre os processos da vida, em suas diferentes dualidades: prazer e dor.
    Quanto mais desejamos o prazer, naturalmente estamos atraindo a dor, pois na ausência do prazer há sofrimento.
    Então o Yoga propõe um caminho de libertação dos pares de opostos, para se atingir o estado de equilibrio e felicidade, além da dualidade.
    Na dualidade há o "(des)equilibrio" e a "(im)perfeição" e no estado de UNIDADE há equilíbrio e perfeição.
    Na Yogaterapia muitas ferramentas são usadas, pois se acredita que o homem é holístico e que não é apenas o corpo físico que está doente, mas sim todos os outros níveis da consciência (invólucros ou koshas) que atua igualmente no processo da doença ou da cura.
    As doenças se manifestam como sintomas que refletem algum nível de desequilíbrio no ser, como meio de chamar a atenção para o aspecto mais profundo da realidade interna.
    Não há sintoma sem que haja causa, e a causa, segundo o Yoga, é o distanciamento do ego com o Ser.

    Na Yogaterapia são utilizados várias técnicas yóguicas como:

    ÁSANAS (posturas),
    KRIYAS (purificatórios),
    MUDRAS (gestos de equilibrio),
    BANDHAS (contrações),
    PRANAYAMAS (respiratórios),
    DHARANA (concentração),
    DHYANA (meditação),




terça-feira, 9 de abril de 2013

Tiruvannamalai: Templo e montanha de Shiva



Apos Auroville fomos a Tiruvannamalai onde conhecemos o templo Annamalaiyar, um dos maiores e mais lindos templos da India, junto a montanha sagrada de Shiva, Arunachala.

Tiruvannamalai e um dos maiores centros dos hindus seguidores de Shiva. Diz a lenda que o universo havia retirado toda a luz do planeta deixando a populacao vivendo na escuridão durante anos ate Shiva aparecer em forma de uma chama de fogo no topo de Arunachala e trazer de volta luz para todos.

Um festival muito conhecido na cidade 'e o Karthigai Deepam na lua cheia de novembro, dezembro. E comemorado com um ritual de fogo no topo da montanha simbolizando o encontro de Shiva no céu. São milhões de peregrinos que atendem ao evento aos redores do templo e da montanha todo o ano.

O templo tem 4 altas principais entradas chamadas de gopurams. São lindas e altíssimas entradas escupidas nas grandes rochas. Dentro do templo há diversos corredores nas quais ocorrem as cerimonias.

No segundo dia da nossa visita, levantamos as 5am em completo silencio rumo ao topo de Arunachala. Escalei aquela montanha com lagrimas nos olhos do começo ao fim. Uma sensacao de arrepiar subindo e olhando aos redores contemplando o nascer do sol crescendo sobre aquele imenso templo, e ouvindo as musicas e rituais indianos em pleno amanhecer.

Confesso que estar na India, e uma sensacao de "alem da vida", um "universo paralelo". E tudo tao diferente que não tem como colocar em palavras, 'e uma experiência única. A India também te "chacoalha" e te vira do avesso. E foi nessa caminhada de contemplacao e silencio que veio um dos insights mais ricos da minha vida. Caminhando, seguindo em direcao ao seu topo, observei que a "sujeira" indiana persistia ate mesmo naquele lugar sagrado, e comecei a recolher todos os pedacinhos de plástico no meu caminho ate eu me dar conta do meu pensamento e me questionar porque estava fazendo aquilo. Veio em mente eu criança na igreja aos domingos com a melhor roupa do guarda roupa como minha avo tinha me ensinado. Por que mesmo? Larguei todos aqueles plásticos no súbito insight e percebi que quem estava contemplando aquela montanha era o meu personagem, um pedacinho do meu eu cheio de criticas, julgamentos, e não estava olhando para a montanha como ela e exatamente, sagrado, do jeitinho dela. Caiu a ficha e ri de mim mesma. Aparentemente estava difícil internalizar, colocar em pratica,  a reverencia por tudo e todos da maneira que 'e e não como eu gostaria que fosse, de entender que tudo e sagrado da maneira que e, e não perfeitinha e bonitinha como a gente tem mania de criar em nossa mente.

Ao topo da montanha, parecia uma criança aos prantos olhando o tridente de Shiva. Por mais simbólico que tudo o Shiva representa, agradeci do fundo do meu coracao, por cair a mascara, pela transformacao, "humildacao", e a visão de um Eu Maior.

Na volta paramos no ashram e na sala de meditacao onde ficava Ramana Maharshi, um santo indiano que passou a maior parte de sua vida ao lado de Arunachala, contemplando e compartilhando seus ensinamentos a seus discipulos.

Ainda em Tiruvannamalai tivemos o imenso prazer de conhecer Mooji, um guru jamaicano que vive na Inglaterra e India, expandindo sua luz durante seus satsangs.

http://www.sriramanamaharshi.org
http://www.mooji.org

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Auroville e Pondicherry

Auroville 'e uma cidade autônoma na Índia que visa a integracao da humanidade. Um lugar onde todos, de qualquer região do mundo, qualquer religião, qualquer crença, possa viver em paz e harmonia, com a consciência divina. Um lugar para pesquisas espirituais a fim de concretizar essa integridade humana.

Auroville foi um projeto criado por Sri Aurobindo e a "Mãe"na década de 50. Em 1967 foi construído as principais "zonas" (cultural, internacional, industrial, residencial). A cidade tem uma forma de galáxia, e no centro fica o Matrimandir ao lado de um anfiteatro e uma Banyan Tree (a figueira de Buda).



O Matrimandir representa a "Consciência Divina" ou "A Mãe Universal". E uma esfera redonda com 12 salas simbolizando as "Virtudes da Mãe Universal", e ao redor do Matrimandir são 12 jardins simbolizando os "poderes da Mãe Universal". A figueira ao centro dos jardins representando a integracao. O Matrimandir não e um lugar religioso, não há cultos, regras ou rituais. E apenas um lugar para meditacao e concentracao em busca da consciência de cada um.

Ficamos em Auroville por alguns dias. Chegamos dias depois de um ciclone que destruiu parte da cidade. Mas gracas ao nosso "good karma" trouxemos a eletricidade no dia que chegamos. Foram dias de "karma yoga", ajudando e servindo ao próximo com necessidades básicas. Varremos e limpamos escolas enquanto os homens ajudavam a recolher as milhares de arvores caídas.

O Matrimandir estava fechado por questão de segurança mas pudemos entrar nos jardins, que estava intacto mesmo com a violência do ciclone. Passamos horas nos jardins e no anfiteatro e minha vontade era ficar ali para sempre...

Visitamos a cidade ao lado de Auroville, Pondicherry onde fica o ashram do Sri Aurobindo. Tivemos a oportunidade de conhecer mais a seu respeito e sua visão de Auroville.

www.auroville.org

sábado, 30 de março de 2013

Peregrinacao India: Amma

O inicio da nossa peregrinacao foi no ashram de um dos avatares mais surpreendentes ainda vivo: Amma.
Apesar de latente no interior de cada ser vivo, esta realidade divina não é manifestada em sua plenitude devido ao ego e seus aspectos como a raiva, a inveja, o medo, o apego, a incapacidade de perdoar, entre outros sentimentos negativos. Ultrapassar os bloqueios do ego é a grande conquista da vida.
Desde os tempos mais remotos até hoje, uma linhagem de mestres nascidos na Índia vem conduzindo buscadores da Verdade até a realização final.
Vindos de todas as partes do mundo, muitos destes buscadores encontram na Amma o que tanto procuram: alguém que vive a Verdade suprema e que é capaz de guiá-los até ela.

Grande devota de Deus, aos cinco anos já compunha pequenos cantos devocionais. Quando completou nove anos, sua mãe adoeceu e ela teve que cuidar da casa e dos irmãos mais novos. Deixou a escola, apesar de ser muito aplicada. Oferecia ao Senhor cada instante de sua longa jornada de trabalho. Contudo, os membros da sua família não entendiam tanta mística e por isso a castigavam. Ao terminar sua lida doméstica, já a noite, Sudhamani ia meditar, cantar ou rezar. Via muita dor e sofrimento ao seu redor e a resposta que recebia era que “tinham que pagar seu karma”, resposta que não a satisfazia. A crueldade e o egoísmo do mundo só aumentava sua devoção a Deus. Seu objetivo então, ao buscar a Divindade, passou a ser consolar a dor e o sofrimento de todos os seres. Começou então a doar alimentos de sua própria casa aos vizinhos e pobres que via, apesar dos castigos que levava em casa por fazer isso.
Aos 22 anos, Amma difundiu sua mensagem espiritual, de maneira que inúmeras pessoas a procuraram para receber suas bênçãos. Ela juntou alguns discípulos e, já como guru, criou uma pequena congregação religiosa, que logo depois cresceu, levando-a a fundar um templo nas águas represadas de Kerala, onde é tida como "a Grande Mãe" e adorada por milhões de pessoas. A partir de 1987, começou a ser internacionalmente conhecida depois de suas peregrinações ao exterior
Na Índia, Deus não é visto como algo a parte, externo, ou que vive no céu. Deus é a nossa própria essência, o ser verdadeiro que reside no coração de todos.
Para isso, somente quem já transcendeu o ego e vive estabelecido na Verdade pode elevar nossa compreensão limitada de Deus e do mundo até a verdadeira consciência divina. Ele é o satguru, o mestre realizado.

Conheci a Amma quando morava em Los Angeles através de um ex namorado que insistiu para que eu fosse com ele receber o darshan (bencao com o abraco dela). Quando chegamos ao local onde ela estava, me surpreendi com as milhares de pessoas esperando pelo tal abraco. Passamos a madrugada observando e contemplando aquela mulher de longe. Quando estávamos próximos e a olhei comecei a me emocionar. Foi uma vibracao tao forte e não conseguia colocar em palavras o que estava sentindo. Amma me abracou e disse algo no meu ouvido que primeiramente não entendi. Quando ela me soltou, experenciei um leve desmaio e me colocaram sentada próximo a ela. Fiquei horas ali... lagrimas saiam sem saber o por que... era uma vibracao tao profunda... e mais tarde percebi que aquilo era a forma mais profunda de Amor que já experenciei. Desde então entendi o porque a chamavam de Mãe, e porque a consideravam uma santa. Uma vez ao ano ela passava por Los Angeles, São Diego e São Francisco, e não perdia uma visita.

Quando li o roteiro da viagem do Marco, fiquei emocionada por saber que o primeiro local da peregrinacao era o ashram dela em Amritapuri. Ficamos 5 dias no ashram, atendendo as cerimonias pela manha (Archana: recitacao dos nomes divinos), pratica de yoga, almoço onde ela mesmo servia seu prato e abençoava sua refeicao, meditacao na praia conduzida por ela, satsangs (encontro com conversas explorando o Verdadeiro Ser), bhajans (cantos devocionais), a seva (serviço a comunidade), e o darshan (sua bencao abracando um por um).

Foi uma experiência incrível onde me senti muito conectada, integrada. Talvez seria o que Marco diz sobre a experiência que não e do amor que reside em nos, mas do Amor através de nos. Era meu primeiro contato com a cultura indiana, e o que pensei que fosse ser difícil por dormir no chão, tomar banho gelado de torneira e aprender a aderir a higiene indiana sem um vaso sanitário, foi dissolvido por todo aquele Amor que aquele lugar emanava. Sai do ashram "flutuando"...

Certamente Marco calculou bem o inicio da peregrinacao. Chegamos na Índia, com os conceitos do ocidente, com nossas manias de rótulos e julgamentos. Os dias no ashram foram cruciais para a reflexão do "'e o que 'e", de receber verdadeiramente tudo de coracao aberto, e de agradecer profundamente tudo ao seu redor. Quando percebemos que tudo e Divino, não há certo ou errado, bonito ou feio... tudo 'e uma bencao, e seu Ser se eleva porque você não vive mais o "personagem" da sua vida limitada. 

Ao longo da peregrinacao na India, você aprende a enchergar tudo com outros olhos, porque tudo 'e sagrado para os indianos. O rio e sagrado, o chão e sagrado, a vaca e sagrada.... E ai você encherga que o outro, o estranho do seu lado, e também um Ser, sagrado, divino... Namaste!
http://www.ammabrasil.org

A procura da Yoga no Brasil


Apos me mudar para o Brasil, foi difícil encontrar alguma escola de yoga que pudesse ensinar não apenas os asanas mas a filosofia hindu e tudo o que representava a Yoga. Na Califórnia era fácil ouvir os ensinamentos védicos em um encontro de Bhakti Yoga, ou algum estúdio que tivesse um professor aberto a compartilhar suas vivencias ou criativo o suficiente para ler algum trecho do "Bhagavad Gita" convidando a contempla-lo durante os asanas ensinados.

Comecei a procurar primeiramente os grupos de kundalini yoga em São Paulo. Inscrevi-me em um modulo avançado de professores de kundalini no ashram da Subagh Kaur na Serra da Cantareira. E aquele local ficou sendo meu conforto e ponto de referencia ate os dias de hoje. Subagh tem um lindo espaço no meio da reserva florestal. A americana sikh mudou-se com o marido brasileiro para juntos expandir as técnicas da kundalini e a cultura do sikhismo pelo Brasil.

Yogi Bhajan por ser Sikh e por ensinar a Kundalini Yoga no Ocidente, começou a atrair muitos seguidores não só pelos ensinamentos da yoga sagrada da kundalini mas também pelo sikhismo. Muitos se converteram, e eu particularmente tenho uma admiracao e uma simpatia muito forte pela religião.

A história do Sikhismo começa com Nanak, um filho da casta governante/guerreira, que viveu entre 1469-1538 e nasceu no norte da Índia. Ele foi influenciado por homens "santos" dos ramos místicos, Bhakti do hindu e Sufi do islâmico. O Guru Nanak acreditava em um ser supremo e determinou que todas as religiões utilizavam nomes diferentes para a mesma divindade, a qual ele chamou de "Sat Nam" (Nome Verdadeiro). Parece que Nanak queria misturar o hinduísmo e o islamismo (Sikh é o nome hindu para discípulo). Acredita-se verdadeiramente em uma união de castas e religiões e ate fazem uma cerimonia onde comida e distribuída entre todos.

Apesar de ter uma empatia muito grande pelo sikhismo, nunca deixei de estudar e me interessar pelo hinduísmo, e fui em busca de ensinamentos em São Paulo. Comecei a ler os livros de Hermógenes (nosso pai da yoga brasileira). E aos poucos fui experimentando varias aulas em estúdios diferentes.

Lygia Lima foi uma das minhas primeiras professoras. Suas aulas me lembravam das tao requisitadas aulas onde Brian Kest, Shiva Rea, James Brown lideravam a costa californiana, em Santa Monica. Lygia me ensinou como ninguém a ter uma consciência corporal mais aguçada, e aprendi muito a conciliar a filosofia com a pratica. Ela sempre enfatizou o reflexo do que fazíamos no tapetinho com nossas atitudes e pensamentos no dia-a-dia. Gracas a ela, foi plantada a sementinha de um projeto mais a fundo com meus atletas.

Ainda gosto muito da visão americana, e Charlie Barnet, fundador do Yoga Flow na Vila Nova Conceicao, criou um espaço holístico onde o Yoga e aprofundado em diversas facetas. Não perco um encontro de Bhakti Yoga ou Kirtan onde a yoga e canalizado para mantras e cantos devocionais. As aulas de diversas linhas e abordagens também são incríveis.

Alguns anos se passaram e a vontade de ir a India aumentou. Foi assim que conheci o trabalho de Marco Schultz. Fui convidada por uma amiga a participar de um retiro e olhando seu site vi que ele levava um grupos a India todos os anos. Fui nesse retiro e foi o maior presente que pude ganhar. Foram dias maravilhosos e me identifiquei com os ensinamentos de Marco e todos seus convidados. Inclusive tive a honra de conhecer Hermogenes pessoalmente. Daquele dia em diante segui todos os satsangs, retiros, encontros do Marco e inclusive a viagem a India.

www.simplesmenteyoga.com.br
www.lygialimayoga.com.br
www.yogaflow.com.br

quarta-feira, 20 de março de 2013

Yoga e o Despertar

A yoga foi introduzida na minha vida desde pequena quando minha mãe me levava nas suas aulas de Hatha Yoga. Naquela época a Yoga no Brasil não era nada conhecida, e esta professora repassava seus ensinamentos adquiridos nos anos vividos na India, na garagem de sua casa. Lembro que ao final da aula ela sempre fazia algum tipo de meditacao e me incentivava a participar. Posso dizer então que desde que me conheço por gente, adorava ficar sentadinha no meu canto contemplando e fazendo perguntas a Deus.


Anos se passaram, minha mae nao ia mais as aulas de yoga, e aos poucos foram surgindo alguns estudios de yoga pela cidade. Confesso que adorava os diferentes asanas que ia aprendendo, principalmente porque a cada postura aprendia também a respirar. Isso me ajudava muito fora do tapetinho, na vida la fora, a respirar e manter a tranquilidade nas situacoes adversas.

Mas algo faltava. Tinha longas conversas com minha mãe, pois não entendia porque aquelas aulas eram tao ligadas ao fisico e os professores não passavam nenhuma instrucao da filosofia da yoga, ou ate mesmo uma meditacao ao fim da aula. As aulas eram completamente diferentes daquilo que vivi quando era pequena. E conforme os anos foram se passando, mais rótulos e diferentes escolas da yoga foram surgindo. Foi uma confusão na minha cabeça e não conseguia achar uma escola que eu me identificasse. Mais uma vez, alguns anos se passaram e eu fiquei sem as aulas de yoga.

A yoga veio ate mim novamente, sim... (eu sempre digo que ela me chama)... no primeiro dia de mudança para Los Angeles. Alem de ficar encantada com aquela cidade, fiquei encantada com os inumeros estudios de yoga a cada esquina.
Comecei a frequentar o Yoga West com muito interesse em conhecer a Kundalini Yoga. Foi amor a primeira vista. Lembro do dia que sentei na aula do Guru Singh, um americano alto com barba longa e branca, turbante na cabeça parecendo um indiano mas de cor branca e de olhos azuis, segurando seu violão e sorrindo feito uma criança para mim... Ah, de pensar que aquele dia era só o começo do universo que estava a descobrir...

Guru Singh foi meu professor durante anos. Todos os dias que morei em Los Angeles, nao deixei de ir em suas classes. Sua classe era chamada de "Yoga and Philosophy" e era tudo o que eu queria: ouvir, ouvir, ouvir... aprender e integrar a ciência maravilhosa da Yoga na minha pratica dentro e fora do estúdio.
As primeiras aulas de Kundalini confesso que foram difíceis, não tanto a nivel fisico mas a nivel emocional. Chorava em quase todas as aulas apos as meditacoes. Não era um choro de tristeza, mas sim uma limpeza, e por isso que voltava a fim de descobrir o "poder" da kundalini.

Esse conhecimento foi um segredo muito bem guardado, entregue pelo Guru a estudantes selecionados durante centenas de anos. De acordo com as escrituras yóguicas esta antiquíssima ciência tem 7 mil anos. Os ensinamentos foram dados a conhecer somente aos iniciados em templos e monastérios da Índia, Nepal e Tibet. A Kundalini Yoga tem relação muito próxima ao Tantra, que também faz subir a energia Kundalini. Graças a Yogi Bhajan esse conhecimento foi tornado público para o ocidente.

Tive o privilegio de conhecer Yogi Bhajan nas minhas primeiras idas ao Yoga West. Ele já estava muito doente mas era impressionante a forca e a energia daquele homem. Lembro que no primeiro dia que o vi, não consegui prestar atencao em uma palavra do que ele falava. Não por causa da sua carregada pronuncia indiana, mas porque nunca estive ao lado de um ser que emanasse uma energia tao vibrante.

Se passaram alguns anos e a sede pelo conhecimento daquela ciência só aumentou. Foi então que conversando com um querido professor, o GuruDhan, decidi fazer o curso de formacao de professores em kundalini yoga. Não passava pela minha cabeça dar aulas, eu só queria aprender mais. Apenas mais tarde fui me dar conta de que você não faz tal escolha, você simplesmente e escolhido para ser professora. Mas enfim, a peregrina estava dando seus primeiros passos.

 E foi assim que eu iniciei a minha jornada sem fim, foi 1 ano intenso de total compromisso e mergulho me deixando levar aos encantamentos da kundalini. 
Levantava as 4am para o tal banho gelado, fazia um certo ritual de higiene yogui, praticava meu sadhana (pratica diária) e meditava horas... 

Foi um grande marco na minha vida. Anos de terapia, 2 mestrados em psicologia, e nunca me encontrei tanto. Foi um trabalho de auto-conhecimento profundo que mudou meu jeito de pensar e agir. As pessoas já diziam que quem fazia kundalini yoga ficava com uma pele radiante, uma luz e energia que chamava a atencao de quem estava ao seu redor, e um poder ate que perigoso por causa das meditacoes tao sagradas e poderosas ... Pois e, eu não acreditava ate que comecei a sentir essa energia dentro de mim.

Ao final do curso decidi deixar Los Angeles e voltar ao Brasil. Foi uma decisão rápida e um pouco confusa para os outros pois já estava morando nos EUA há 8 anos. Mas aprendi a seguir minha intuicao, e voltei feliz da vida, com um currículo admirável na minha profissão e um certificado de professora de yoga.