sábado, 30 de março de 2013

Peregrinacao India: Amma

O inicio da nossa peregrinacao foi no ashram de um dos avatares mais surpreendentes ainda vivo: Amma.
Apesar de latente no interior de cada ser vivo, esta realidade divina não é manifestada em sua plenitude devido ao ego e seus aspectos como a raiva, a inveja, o medo, o apego, a incapacidade de perdoar, entre outros sentimentos negativos. Ultrapassar os bloqueios do ego é a grande conquista da vida.
Desde os tempos mais remotos até hoje, uma linhagem de mestres nascidos na Índia vem conduzindo buscadores da Verdade até a realização final.
Vindos de todas as partes do mundo, muitos destes buscadores encontram na Amma o que tanto procuram: alguém que vive a Verdade suprema e que é capaz de guiá-los até ela.

Grande devota de Deus, aos cinco anos já compunha pequenos cantos devocionais. Quando completou nove anos, sua mãe adoeceu e ela teve que cuidar da casa e dos irmãos mais novos. Deixou a escola, apesar de ser muito aplicada. Oferecia ao Senhor cada instante de sua longa jornada de trabalho. Contudo, os membros da sua família não entendiam tanta mística e por isso a castigavam. Ao terminar sua lida doméstica, já a noite, Sudhamani ia meditar, cantar ou rezar. Via muita dor e sofrimento ao seu redor e a resposta que recebia era que “tinham que pagar seu karma”, resposta que não a satisfazia. A crueldade e o egoísmo do mundo só aumentava sua devoção a Deus. Seu objetivo então, ao buscar a Divindade, passou a ser consolar a dor e o sofrimento de todos os seres. Começou então a doar alimentos de sua própria casa aos vizinhos e pobres que via, apesar dos castigos que levava em casa por fazer isso.
Aos 22 anos, Amma difundiu sua mensagem espiritual, de maneira que inúmeras pessoas a procuraram para receber suas bênçãos. Ela juntou alguns discípulos e, já como guru, criou uma pequena congregação religiosa, que logo depois cresceu, levando-a a fundar um templo nas águas represadas de Kerala, onde é tida como "a Grande Mãe" e adorada por milhões de pessoas. A partir de 1987, começou a ser internacionalmente conhecida depois de suas peregrinações ao exterior
Na Índia, Deus não é visto como algo a parte, externo, ou que vive no céu. Deus é a nossa própria essência, o ser verdadeiro que reside no coração de todos.
Para isso, somente quem já transcendeu o ego e vive estabelecido na Verdade pode elevar nossa compreensão limitada de Deus e do mundo até a verdadeira consciência divina. Ele é o satguru, o mestre realizado.

Conheci a Amma quando morava em Los Angeles através de um ex namorado que insistiu para que eu fosse com ele receber o darshan (bencao com o abraco dela). Quando chegamos ao local onde ela estava, me surpreendi com as milhares de pessoas esperando pelo tal abraco. Passamos a madrugada observando e contemplando aquela mulher de longe. Quando estávamos próximos e a olhei comecei a me emocionar. Foi uma vibracao tao forte e não conseguia colocar em palavras o que estava sentindo. Amma me abracou e disse algo no meu ouvido que primeiramente não entendi. Quando ela me soltou, experenciei um leve desmaio e me colocaram sentada próximo a ela. Fiquei horas ali... lagrimas saiam sem saber o por que... era uma vibracao tao profunda... e mais tarde percebi que aquilo era a forma mais profunda de Amor que já experenciei. Desde então entendi o porque a chamavam de Mãe, e porque a consideravam uma santa. Uma vez ao ano ela passava por Los Angeles, São Diego e São Francisco, e não perdia uma visita.

Quando li o roteiro da viagem do Marco, fiquei emocionada por saber que o primeiro local da peregrinacao era o ashram dela em Amritapuri. Ficamos 5 dias no ashram, atendendo as cerimonias pela manha (Archana: recitacao dos nomes divinos), pratica de yoga, almoço onde ela mesmo servia seu prato e abençoava sua refeicao, meditacao na praia conduzida por ela, satsangs (encontro com conversas explorando o Verdadeiro Ser), bhajans (cantos devocionais), a seva (serviço a comunidade), e o darshan (sua bencao abracando um por um).

Foi uma experiência incrível onde me senti muito conectada, integrada. Talvez seria o que Marco diz sobre a experiência que não e do amor que reside em nos, mas do Amor através de nos. Era meu primeiro contato com a cultura indiana, e o que pensei que fosse ser difícil por dormir no chão, tomar banho gelado de torneira e aprender a aderir a higiene indiana sem um vaso sanitário, foi dissolvido por todo aquele Amor que aquele lugar emanava. Sai do ashram "flutuando"...

Certamente Marco calculou bem o inicio da peregrinacao. Chegamos na Índia, com os conceitos do ocidente, com nossas manias de rótulos e julgamentos. Os dias no ashram foram cruciais para a reflexão do "'e o que 'e", de receber verdadeiramente tudo de coracao aberto, e de agradecer profundamente tudo ao seu redor. Quando percebemos que tudo e Divino, não há certo ou errado, bonito ou feio... tudo 'e uma bencao, e seu Ser se eleva porque você não vive mais o "personagem" da sua vida limitada. 

Ao longo da peregrinacao na India, você aprende a enchergar tudo com outros olhos, porque tudo 'e sagrado para os indianos. O rio e sagrado, o chão e sagrado, a vaca e sagrada.... E ai você encherga que o outro, o estranho do seu lado, e também um Ser, sagrado, divino... Namaste!
http://www.ammabrasil.org

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