domingo, 12 de maio de 2013

Maha Kumbh Mela 2013

O Kumbh Mela (de khumb, "pote" e mela, "festival") é o principal festival do hinduísmo, que ocorre quatro vezes a cada doze anos na Índia, rodando por quatro cidades: Allahabad, Ujjain, Nasik e Haridwar. Cada ciclo de doze anos inclui o Maha Kumbh Mela (maha = maior) em Allahabad, onde milhões de devotos hindus se reúnem para se banhar no Sangam, local de encontro dos rios sagrados Ganges, Yamuna e Saraswati para se purificar, naquele que é o maior festival religioso do mundo.

O Khumbh Mela se baseia numa lenda na qual deuses e demônios entraram em guerra por causa de um pote que continha o néctar da imortalidade. Algumas gotas do néctar caíram em quatro cidades na Índia: Allahabad, Ujjain, Nasik e Haridwar, onde o Khumbh Mela acontece sucessivamente a cada três anos.



Segundo a cosmologia hindu, o rio Ganges tem origem nos céus. Este grande festival que ocorre ao redor do Ganges, é uma celebração da criação. Segundo uma fábula, os deuses e os demônios lutavam pela "kumbh" (jarra, pote), onde se encontrava o "amrit" (néctar), criado pelo "sagar manthan" (o escumar dos oceanos). Jayant, filho de Indra, escapou com a kumbh e por 12 dias consecutivos (12 anos para a humanidade) os demônios lutaram contra os deuses pela posse da jarra. Finalmente, venceram os deuses, beberam o "amrit" e alcançaram a imortalidade.
Durante a batalha pela posse da "kumbh", quatro gotas de "amrit" caíram na terra, em Allahabad, Haridwar, Nasik e Ujjain, as quatro cidades onde o festival da Kumbh Mela tem lugar. Até hoje, a cada 12 anos, cada uma dessas cidades é sede da mela.

Os dias dos banhos auspiciosos e mais importantes do Kumbh são calculados na astrologia de acordo com a posicao do sol, da lua e Júpiter.

Fiquei 10 dias em Allahabad no acampamento do Prem Baba. Foi uma feliz "coincidencia" pois estava curiosa por conhecer mais sobre esse guru brasileiro que vive parte na Índia, parte no Brasil, expandindo sua luz e seus ensinamentos através de seus satsangs. Acabei me separando do grupo californiano o qual tinha me inscrito para me aventurar nos dias do Kumbh ao lado de brasileiros incríveis que acabaram se tornando queridos amigos. Nestes dois anos de Índia, com certeza, um dos maiores presentes foram as preciosas amizades!



Todos os dias saiamos do acampamento e caminhávamos durante o dia todo visitando os acampamentos dos mais diferentes sadhus. Os sadhus são como monges andarilhos, que fazem votos de desapego, renunciam de bens materiais e se dedicam a vida espiritual. São conhecidos como "babas" e são famosos praticantes de yoga. No seu foco pela iluminacao, eles fazem diferentes votos. Os naga sadhus abdicam-se de qualquer vestimenta e andam nus com o corpo coberto de cinzas. Alguns sadhus jejuam por longos períodos de tempo, outros não sentam ou deitam, outros erguem o braco e vivem com o braco levantado como e o caso do famoso baba Amar Barati que abandonou sua família e todos seus bens para devocao de Shiva. Há mais de 30 anos tem seu braco levantado por manifesto de paz. Sofreu dores absurdas ate seu braco perder sua funcao e ficar atrofiado e preso em uma posicao semi vertical.



Tive o privilegio de conversar com alguns sadhus. Muitos deles homens extremamente cultos e sábios. Foram desde ensinamentos de yoga e pranayama a conversas profundas. Uma tarde marcante foi na escadaria do rio Yamuna que um Baba lindo, um verdadeiro "Lorde", sentou-se ao meu lado e dos meus amigos e ficamos horas e horas ouvindo, contemplando, meditando, sentindo a Presença em todos nos. Ao entardecer, assistimos ao ritual do fogo, conhecido como Aarti a beira do rio, e ele não só nos acompanhou como nos ensinou os mantras e só depois do termino do ritual seguiu de volta ao seu acampamento.





Presenciamos o primeiro dia da lua cheia de janeiro onde teria um dos auspiciosos banhos nos encontros dos rios sagrados. Ao amanhecer assistimos ao ritual e depois nos banhamos na juncão dos rios. Foi muito emocionante pois não tem como não entrar na mesma sintonia de entrega e devocao e realmente sentir-se abençoada.


Foram dias de preces, muitas preces. Confesso que era difícil de dormir não pelo frio mas pela energia daquele lugar. Eram alto falantes espalhados por todos os acampamentos com os sons dos mantras dia e noite sem parar, e faziam com que ficássemos embriagados naquela energia de puro amor e devocao. Dificil foi voltar...