terça-feira, 30 de setembro de 2014

Peregrinação e Auto-Conhecimento nos Andes com Marco Schultz

Voltei há pouco tempo de uma das viagens mais preciosas da minha vida. Neste momento me desafio a colocar em palavras todo aprendizado e processo desde o dia que cheguei ao solo sagrado andino.
Estava programando esta viagem há alguns anos com meu querido mentor Marco Schultz, e finalmente este ano pude realiza-la. 
Foram 15 dias intensos com visitas a ruínas, contato com a cultura inca, yoga, meditação, xamanismo, e profundo auto-conhecimento em 4 dias na trilha de Salkantay. De Cusco, ao Vale Sagrado, ate a deslumbrante chegada a Macchu Pichu com uma linda turma de 27 integrantes.
Fiquei encantada ao chegar em Cusco. Uma cidade linda, com varias praças, ruas de paralelepipido, catedrais, vista para as montanhas, e uma mistura de turistas e comerciantes pelas ruas que deixava a cidade ainda mais interessante.
A visita a Cusco foi estratégico para o processo de aclimatação a altitude. Já no aeroporto nos ofereceram folhas de coca e na recepcao do hotel o chá de coca era servido a vontade. Mesmo tomando todo o cuidado pude sentir tonturas e dores de cabeça nos primeiros dias. A falta de ar estava presente nas caminhadas as ruínas.
Os dias em Cusco foram também de muita cultura com guias maravilhosos. 
Para os Incas, existiam três níveis espirituais, o mundo de cima, conhecido como Hananpacha (o mundo dos espíritos), o mundo do meio, conhecido como Kaypacha (o mundo dos homens) e o mundo de baixo, conhecido como Ukupacha (o mundo dos mortos). Os Incas criaram então a trilogia andina, representada pelo Condor, Puma e Serpente, animais muito sagrados, e cada um destes animais trabalhavam como guardiães dos mundos supra citados, onde o Condor era o guardião do mundo de cima e mensageiro entre céu e terra, o Puma do mundo do meio e representa a forca da terra, e a Serpente do mundo de baixo que representa a sabedoria. No tempo dos Incas os homens viviam entre os três mundos e se relacionavam com eles através da trilogia totêmica, dos animais sagrados. Porém, com o tempo, o homem se isolou e perdeu a conexão com todos os mundos, inclusive com o seu próprio mundo. Dai então, vem o ensinamento da sociedade secreta "Orden del Condor de Los Andes", com uma proposta de resgate da alma, nos transmitindo a "Visão do Condor".
Pacha em quechua significa Terra, por isso o termo Pachamama, A Mãe Terra. Os Apus são espíritos das montanhas que não deixam de ser também um filho de Pachamama. Na visão dos andinos as montanhas são seres viventes, com um corpo físico que respira, tem esqueleto, pele, sangue e espirito. Por isso, subir uma montanha andina, não exige apenas do físico e mental, mas sim esta comunhão sagrada entre Pachamama e Apus. 
Aprendemos a fazer oferendas a Pachiamama de acordo com um principio quechua muito valioso, a reciprocidade. Oferecíamos 3 folhas de coca, e com um sopro colocávamos nossos desejos.
Já no Vale Sagrado tivemos um momento de mais introspeção em Wikka Tica, um pequeno ashram da querida californiana Carol que teve uma visão e transformou um terreno rochoso em um imenso jardim de arvores, flores e plantas de diversos países, divididos por cores representando os chakras.
A sensacao que tive quando pisei em Wikka Tica e que ja havia estado la. Não sei como mas nas minhas praticas de Yoga Nidra, o jardim que me imaginava para relaxar e conectar estava la! Foram dias de imersão com consultas com nosso amado xama, Sandeh, tratamentos terapêuticos, praticas de yoga, meditação, e muita contemplação a Pachiamama.
Marco pediu para que eu desse uma aula de yoga numa manha, e com muita honra e gratidão escolhi oferecer uma pratica de Kundalini Yoga, já que aqueles jardins nos remetiam a cura de nossos chakras, a simbologia da serpente na trilogia andina, e a espiral que simboliza Pachiamama e que havíamos visto desenhados e construídos com rochas em todos os locais de poder inca. Como se os incas soubessem do poder da energia kundalini dentro de nos assim como o poder de todo universo. Vale uma pesquisa da relação inca com o surgimento da simbologia da kundalini que e representada pela espiral e a serpente. Talvez, e por que não, os incas foram os grandes primeiros yoguis??...
Inspirada a véspera da trilha de Salkantay, fizemos um ritual em uma das espirais, local de poder inca, onde batizei meu cajado com o nome "fé". Fizemos uma cerimonia xamanica também para nos proteger nos dias seguintes de trilha. Estava "preparada", assim achava. Atleta e ex-corredora de montanha, estava segura em relação ao meu condicionamento físico e experiência do que levar em situações climáticas adversas. A minha única preocupação era a altitude. 
A noite, véspera do primeiro dia de trilha, não consegui dormir ardendo de febre, passando mal com diarreia e vomito. Dormi por meia hora e levantei sem febre um pouco antes da hora marcada para saída. Fraca e debilitada pela noite anterior, não conseguindo comer ou beber nada pois ainda estava passando mal, caminhei durante o dia no nosso primeiro trecho ao lado do meu cajado "fé", entoando os mantras de proteção da Kundalini Yoga, avistando a montanha de Salkantay de longe, e pedindo para que Pachiamama e Apus me levassem. Já nesse primeiro dia de trilha, tantas fichas caíram... aniquilando meu ego, compreendi de que nada servia ser uma atleta para subir aquela montanha afim de chegar a terra sagrada de Macchu Pichu. Precisei de todo esse processo de sacrifício e limpeza para me dar conta de muita coisa.
Como se não bastasse o sacrifício do primeiro dia, amanheci bem melhor mas fui comunicada logo cedo que faria o primeiro trecho da trilha para o lago a cavalo para poupar energia para o terceiro dia que era a subida ao glacial. O grande problema do dia, era que desde os meus 16 anos de idade não me aproximava de cavalo algum por causa de um grave acidente que tive naquela época. Tentei convencer Marco e Sandeh que iria a pé, mas não teve jeito, todos nos sabíamos que teria que enfrentar o trauma, e aquilo fazia parte do processo. Não sei quanto tempo durou mas pareceu uma eternidade montar naquele cavalo. Revivi todo o acidente, um medo incontrolavel. Enfim, consegui ir me acalmando com as palavras do xama dizendo que eu era como um cavalo mas que naquele momento eu precisava da forca daquele animal. Fui interagindo com a energia dele e ao final do trecho parecia uma criança expressando minha gratidão com abraços e carinhos. Na chegada ao lago, uma visão indescritível, apenas contemplação e gratidão. Estava começando a entender que bencao e que oportunidade Pachiamama e Apus estavam me proporcionando. Apenas havia uma frase em minha mente, a frase do Prof. Hermogenes: " Eu entrego, confio, aceito e agradeço". 
No terceiro dia, mais forte apesar de ainda estar passando mal continuei caminhando com meus mantras e quando avistei a montanha se aproximando passou todo mal estar e parecia nova. Quando cheguei ao topo de Salkantay, senti uma energia incrível... ri, chorei, orei. Pedi para que Deus me confirmasse que estava ali, e veio o som das rochas do topo cobertas de neve rolarem montanha abaixo. Comunhão. Sim, sim, sim... Precisei de toda limpeza, como uma serpente que descasca e troca sua pele, aos passos de puma, forte e valente, para conseguir enxergar com olhos de condor o alem do alem, do alem...
Ao finalizar no quarto dia, completando aproximadamente 80 km de trilha, depois de passarmos por glaciais, mata, cachoeira e rio, chegamos ao nosso destino: Machu Picchu. Arrepio novamente só de lembrar da energia daquele lugar sagrado, que fomos recebidos com uma chuva auspiciosa na qual comemorei apôs meu renascer, este lindo batizado.
De volta pra casa, a vida segue, porem ainda mais expandida. Grata por cada momento, por cada licao, e pelo Amor Maior que não cabe em palavras... Apu!


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vedanta

Outro dia tive a honra de ouvir a professora Gloria Ariera que deu uma aula sobre Vedanta no encontro do Grupo de Estudos e Evolucao da Consciencia e Meditacao em Sao Paulo.
Ela comecou explicando a origem, as ligacoes e relações desde a dança ate ayuverda com o Vedanta. Vedas significa "conhecer" e são escrituras sagradas do hinduísmo por volta de 1500a.c.
Segundo as escrituras nos tivemos e teremos diversas encarnações no plano terrestre. E voltamos para relembrarmos quem realmente somos. Como se faltasse um chip na nossa memória, esquecemos de tudo e viemos para este plano, no jogo de ilusões, onde pensamentos e emoções são criados pela nossa mente, e quanto mais somos dominados pela nossa mente, mais nos afastamos do nosso verdadeiro eu. Como se fosse um jogo, ou uma "lila" como dizem os hindus. E a magica da vida, e tirar todas essas camadas que nos aprisionam no personagem ou ego, para o encontro do grande mistério do infinito Eu.
Gloria explica que os "samsaris" são aqueles que vivem em constante altos e baixos, em "samsara". Sao aqueles presos nas necessidades básicas, ou seja, segurança e nos prazeres. Sao aqueles movidos por emoções. Aqueles que começam a ter Consciencia e questionar a vida e sua existência, são os yoguis. Os yoguis são aqueles que aprofundam no auto-conhecimento e investigam o Ser, são os peregrinos de alma que estão dispostos a se libertar de todas as camadas que ele próprio construiu durante sua vida.
De volta para casa apôs o encontro com a Gloria, fiquei pensando quando foi que eu me tornei uma yoguini, quando foi essa "rachadura" que abriu espaço na mente para tal consciência. Sempre tive a personalidade investigadora e o fato de escolher Psicologia como profissão e mergulhar no auto-conhecimento favoreceram a mente aberta. Porem, a "rachadura" mesmo foi quando ja alguns anos morando nos EUA, decidi mudar para California, e na época fazendo meu segundo mestrado em Terapia Familiar, decidi praticar Kundalini Yoga em um estúdio localizado em uma comunidade Sikh. Como ja disse em outros posts, foi ele, Guru Singh, meu primeiro querido e maravilhoso Babaji, que me ensinou tudo o que eu precisava saber para ir alem. Foi o melhor professor de qualquer mestrado, porque foi ele quem ensinou o que e família, o que e amor, e o que e servir. Sim, ele foi o grande "culpado" para muitos que falaram na época "o que aconteceu com aquela Patty?" Os anos se passaram e muitos mestres surgiram. Marco Schultz por exemplo que aprofundou ainda mais a minha peregrinação no "esquecer menos, lembrar mais" e faz parte da minha investigação do Ser hoje.
Este ano em Fernando de Noronha, me deparei com os samsaris curtindo as festas e contribuindo para  uma lenta destruição de uma reserva ecológica. Foram dias de sofrimento porque hoje em dia minha relação com os animais e a mae natureza se fortaleceram muito, e porque eu me vi ha anos atras assim como essas pessoas, sem consciência nenhuma, presa nas emoções e o que os outros diziam que era bacana. Talvez tivesse sido um teste para eu ter mais compaixão e paciência, não so por todos aqueles golfinhos e tartarugas que estão indo embora, mas por todas as pessoas que assim como eu, não querem o mal, mas apenas estão limitados a emoções e prazeres de samsaris, assim como estive um dia.
O caminho de um yogui, e um caminho sem volta. Não da para voltar a ser uma pessoa sem consciência. A cada dia são ensinamentos novos, são maneiras diferentes de resolver um problema, de olhar o mundo, de se relacionar com as pessoas e a natureza, de enfrentar suas próprias limitações, e ate quando voce acha que não tem abertura suficiente para perdoar e amar, este perdão e amor vem através de voce. E um desejo constante de investigação, iluminação, integridade. Um desejo de desvendar o Grande Misterio, honrando e acolhendo o karma, vivendo com mais consciência e, procurando realizar o dharma com muita fe e amor.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Turbantes Coloridos: Diversas Tribos, Uma Unica Sangha

Para quem não sabe, professores e praticantes de kundalini yoga usam turbantes ou cobrem as cabeças pois o principal foco dessa tecnologia e trazer a energia dos chakras inferiores para os superiores, fazendo com que a energia sutil desperte o seu Ser. O uso do turbante faz com que as temporas sejam pressionadas, estimulando a glândula pituitaria e consequentemente o sexto chakra localizado entre as sobrancelhas. De preferencia, o turbante deve ser branco para captar e concentrar mais energia.
Apesar de gostar e respeitar o branco nas vestimentas como uma professora de kundalini yoga, cores sempre fizeram parte da mim. Tanto na minha casa, como no meu consultório, quanto nas minhas roupas, e nos meus turbantes durante as aulas.
Talvez as cores definam minha integracao com o mundo. Gosto de ver o mundo colorido apreciando as diferenças e a individualidade de cada pessoa. Dificilmente enxergo o mundo preto e branco, antes devido a minha condicao de terapeuta e hoje muito mais com a yoga, afinal todos os pontos de vista são bem vindos, não existe certo ou errado, preto ou branco, e sim vários tons de cores.
A kundalini yoga representa para mim uma das cores mais lindas do arco-iris. E ela que me eleva, que me faz conectar com a energia sutil do Ser, e me leva para o estado de profundo "bliss", como um "natural high" ou êxtase, cada dia mais agradecida pela vida e por existir… Sim, profundo! Mas ela não e o único caminho, ou talvez eu precise de outras cores para completar meu eu.
Pratico todos os tipos de yoga, afinal yoga e yoga. Você terá os mesmo beneficios, talvez em níveis diferentes, mas os mesmos! Adoro a fluidez do Vinyasa, o alinhamento do Iyengar, o relaxamento do Nidra… Entoar os mantras védicos me faz conectar com a energia sutil também. E as diferentes meditacoes me faz experienciar inumeros beneficios.
E assim, em constante movimento transitando em "diferentes yogas", transito em diferentes situacoes na minha vida: obstáculos e conquistas, perdas e ganhos, alegrias e tristezas. Transito nas inúmeras personagens do meu ser: a professora de yoga, a praticante, a psicologa desportiva, a esportista, a mulher, filha….. Circulo em qualquer local, seja no boteco ou na festa "high society"… Tenho amigos de vários jeitos e varias tribos.
Sem personalidade? Não, apenas não me identifico com o unico. Sou curiosa e aventureira por natureza.


Há anos que a yoga faz parte da minha vida e por isso acabei me relacionando com muitas pessoas desse circulo. Adoro circular entre as diferentes tribos da yoga. Pessoas que conheci em retiros, viagens de peregrinacao, cursos… são tantas pessoas queridas que as vezes não nos falamos com frequência mas sinto a presença de todos muito intensamente.
Alguns dias atrás conclui mais um curso de formacao que durou o ano todo. Não tem como essas pessoas do curso não serem importantes. Investigamos juntos. Crescemos juntos. Choramos e rimos juntos. Não são apenas amigos, e uma forca sagrada que nos une.
E uma bencao tao grande, que ao mesmo tempo que essa sangha revive o ultimo encontro com fotos no Facebook, a sangha da Índia do ano passado agita um encontro, a sangha da Índia do ano retrasado posta fotos saudosas da viagem que parece ter ocorrido poucos dias atrás e a sangha da kundalini organiza o encontro para estudo..

Outro dia no satsang do Marco Schultz, encontrei duas amigas mitras que conheci há 2 anos atrás na Índia, e que não via desde então. O contexto do satsang requer silencio, e foi no nobre silencio em nos que percebemos que o encontro não precisava de palavras… Os olhares, os abraços e as lagrimas disseram tudo!


Ek Ong Kar… somos todos UM! Parece não haver tempo e espaço ou diferença alguma com uma conexão tao linda como essa. Honro todos aqueles que de alguma maneira fazem parte da minha vida, com profunda gratidão, pois sou uma extensão de cada um. Ate mesmo aqueles que por algum motivo me desafiaram. Talvez sou ate mais grata a esses do que aqueles que me fazem sorrir. Afinal, aprendi, amadureci e evolui. Sou sim, abençoada e agradecida por tantas cores que fazem da minha vida... um arco-iris repleto de potes de ouro!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Relacionamentos Autênticos

 "Relacionamentos Autênticos" e o tema de um dos módulos do curso de aprofundamento para professores de kundalini yoga, no qual eu passei uma semana de imersão no ashram Prana Prana da querida mestra Subagh Kaur localizado nas reservas florestais da Serra da Cantareira.
Você deve estar perguntando o que seria "relacionamentos autênticos"?
Para 1 semana de curso afirmo que e um assunto profundo e complexo, por isso não me estenderei a nomear e discutir todos os conceitos.
Uma coisa e certa, parece que necessitamos de relacoes para nossa sobrevivencia. Desde a dependência dos primeiros anos de vida com uma figura materna, ate o fim das nossas vidas com diferentes pessoas e formas de se relacionar. O relacionamento faz com que nos conhecemos gracas a essa interacao. E como um espelho que e refletido o melhor de você e também o pior de você, sua sombra.
A autenticidade vem de uma certa consciência necessária para você estar inteiro, presente naquela relacao. Se temos consciência sabemos exatamente o que somos e o que projetamos na interacao com o outro por exemplo. Por isso, se relacionar com o outro sem nem ao menos se relacionar consigo mesmo e como andar na escuridão; você tropeça, cai sem saber por que, e acaba acusando sem ao menos enchergar. A auto-investigacao ou o auto-conhecimento, e fundamental para obter um relacionamento autentico com você e consequentemente com os outros.
Relacionamentos amorosos cada dia que passa esta menos autênticos na minha opinião. Ninguém mais tem paciência de se relacionar com o outro justamente porque não tem uma solida conexão consigo mesmo. A maioria esta tao presa ao ego que o discurso se torna: "o que eu quero no outro para me fazer feliz". Não! Relacionamentos não estão em prateleiras do supermercado e muito menos e para você. Adorei o blog de um americano que dizia "Marriage is not for you" (casamento não e para você). Não e mesmo. Casamento ou qualquer relacionamento e a respeito do outro e não de você. O carinho e o amor são doados, portanto nada fica para você, e sim para o outro.
E claro que a posse ou o controle acontece em uma relacao simplesmente porque são pessoas carentes de amor. E este amor eu classifico como amor menor, ou amor egoico. Relacionamentos autênticos e também a conexão que você tem com o Amor Maior, seja ele Deus, o Universo, a Natureza, ou qualquer forca maior que faz você inspirar todos os milésimos de segundos e que te inspira a viver.
Se não tivermos essa consciência dessa Forca e o que somos, fatalmente teremos dificuldades em nossas relacoes externas.
Somos também energia e temos um lado masculino e feminino. As mulheres por exemplo possuem 60% de energia feminina e 40% masculina. A energia feminina e a criatividade, a sensibilidade, a intuicao, a graciosidade e a capacidade de cuidar. A energia masculina e o racional, o estável, o guerreiro, e que esta sempre em acao. Ambos, homens e mulheres possuem todas essas caracteristicas, mas em diferentes níveis de intensidade. Portanto, a mulher 'e insegura por sua natureza e por isso que ela precisa de uma certa segurança da estabilidade masculina. O homem e como a haste de uma planta que da suporte, segurança, para os troncos crescerem, surgirem folhas, movimento e ate florirem. A mulher necessita dessa estabilidade para circular, intuir, criar.
Nos dias de hoje, os papeis masculinos e femininos estão confusos. Acredito que muitas mulheres estão oprimindo sua energia feminina com tantos deveres e acoes da energia masculina. E muitos homens não conseguem colocar segurança e ter acao de provedor. Não há nada de errado, as mulheres serem independentes, guerreiras, provedoras. Sou ate uma delas. O que me preocupa e se o lado criativo, intuitivo e os cuidados da mulher não esta sendo oprimidos com as exigências sociais de uma mulher moderna. E necessário um equilíbrio energético por isso tanto os homens quanto as mulheres precisam estar atentos a essas distribuicoes de energia.
Confesso que quando escuto as conversas de academia, conhecidos, pacientes, fico pensado em quantos tipos de relacionamentos existem por ai. Poucos são os autênticos.
No curso, Subagh nos presenteou com as estorias dos casamentos da religião Sikh, onde ate mesmo o sexo era com data marcada mesmo com anos de casamento. Dias de preparacao e horas de amor… Nem sei como definir sexo na nossa sociedade nos dias atuais.
Independente da cultura Sikh, fazer amor ou relacionar-se e estar por inteiro, na Presença, no aqui- agora, consciente do Amor que e você e reconhecendo o Amor no outro... doar-se na entrega do mistério como você confia que a cada expiracao vem uma inspiracao. O ego, o querer, as expectativas ficam pequenas quando você descobre o que e Amor…
Portanto relacionamento autentico, nada mais e do que Prem, o Verdadeiro Amor.




sábado, 9 de novembro de 2013

O Silencio


Desde criança o silencio me instigava. Talvez porque tinha problemas com palavras. Nunca conseguia (e talvez ate hoje não consigo) descrever exatamente o que passa dentro de mim.  Minhas brincadeiras era adivinhar o que as outras pessoas pensavam e pedia para meus irmãos adivinhassem o que eu estava pensando naquele momento, um ensaio de uma comunicacao por telepatia. Cresci ouvindo Rita Lee e ficava imaginando o que seria "fazer amor por telepatia" na minha cancao favorita de "Mania de Você". Introvertida e tímida na minha infância, relutei por um tempo a minha voz. Gostava de observar, sentir, e ouvir muito mais do que falar. Claro que a fala e tao importante quanto, mas sempre achei que havia um certo exagero, ou "barulho" no mundo. Achava que as pessoas falavam demais, que "enrolavam" muito mais do que se comunicavam. Fui aprendendo a "enrolar" na adolescencia, e me tornei mestra nas mais longas e detalhadas estorias para as minhas amigas intimas… E assim quando crescemos vamos perdendo o nosso grande mestre, nosso Eu.
Com o tempo, a yoga e a meditacao foi me ensinando a resgatar, compreender e aperfeiçoar o silencio. Afinal, pensamos que estar em silencio e apenas ficar calado e não damos conta aos "barulhos" internos da nossa mente. As vezes o barulho interno e maior que o externo e falhamos achando que estamos em silencio. Enquanto houver turbilhoes de pensamentos, nunca estaremos em silencio.
Na kundalini yoga, a maior parte das meditacoes utilizamos mantras, ate porque necessitamos dessa comunicacao entre mente e coracao através da fala. O mantra serve também para focar a mente, e a maneira mais simples e eficaz de não desperdiçarmos energia pensando em varias coisas ao mesmo tempo. Com a pratica, o silencio pós meditacao se torna o momento talvez mais importante para alcançar "shunia", ou seja, uma mente neutra, vazia e sem pensamentos, pois a mente foi condicionada a cada vez menos produzir pensamentos com o mantra e entrar em contato com algo maior do que seu ego.
Com ensinamentos do meu irmão budista fui aprendendo a meditar em silencio sem os mantras. Este ano no curso do Marco Schultz também. Fiz um compromisso comigo mesma de implementar o silencio nas minhas meditacoes diárias. E ate mesmo apos o retiro de silencio algumas semanas atrás, sinto necessidade da meditacao mais vezes ao dia.
O caminho para o silencio na realidade não importa. São vários caminhos para o mesmo lugar. Seja através de diversos tipos de meditacao, seja contemplando a natureza ou qualquer outra forma de amor e entrega.
Talvez a sensacao da infância de não conseguir me expressar, seja da tamanha grandeza e de um certo mistério que nos cerca. As palavras ficam pequenas em contato com o silencio verdadeiro.
O silencio para mim e um encontro. Quando você não se identifica mais com seu ego, com seus pensamentos, você passa a se conectar com algo maior do que você. Da mesma forma que você observa e contempla a natureza, existe um mistério ali que silencia, que basta. E posso dizer que a vida fica tao mais iluminada através do silencio ate mesmo nas suas relações cotidianas. Um olhar, um sorriso, um gesto, um toque comungando o silencio que existe em nos, na presença, no aqui-agora...



 "Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamos-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veêm rostos. Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão : "toca", se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te" ... "Na verdade, somos uma só alma, tu e eu, Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti, Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu..." (Rumi)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Curso de Formacao e Aprofundamento em Yoga e Meditacao com Marco Schultz

Apos viajar para Índia em 2012 com o Marco, participar de seus retiros e satsangs, decidi que em 2013 faria seu curso de formacao e aprofundamento no Yoga.
Escolhi a opcao do curso extensivo, ano todo, com encontros no ultimo final de semana de cada mês.
O curso foi imensamente rico com as aulas praticas e teóricas. Vários convidados, e um mais especial que o outro. 
A intencao do curso como o nome diz, não era apenas conhecer o lado físico nos asanas do yoga, mas também entender o que realmente 'e o Yoga. O curso foi integrando diferentes religiões, abordagens terapêuticas, astrologia... e ao mesmo tempo a relacao dessa integracao com o nosso Ser através de reflexões sobre o auto-conhecimento.
A cada encontro e a cada retiro a turma se expandia e se unia em sangha. Foi lindo e muito especial sentir essa transicao de individuo para o "nos" como todo.
O retiro de 1 semana na metade do curso do extensivo e a na conclusão do curso intensivo foi realizado na Montanha Encantada em Garopaba. A união da sangha de Floripa e a de São Paulo na imersão de um retiro naquele lugar abençoado junto aos ensinamentos de convidados fantásticos foi certamente um marco, ou um divisor de aguas para todos nos.
No segundo semestre me comprometi aos retiros e consegui estender minhas meditacoes diárias na minha rotina. Como mudei de trabalho, tudo conspirou para uma melhor fluidez e entrega. A qualidade do meu sadhana e do meu dia mudaram não só porque tinha mais tempo, mas como o curso proporcionava insights para o auto-conhecimento, passei a trabalhar mais metas nas questões praticas do meu ser.
Alem do retiro da Montanha Encantada, o retiro "Destino e Livre Arbítrio" da querida astróloga e professora de yoga Fernanda Zanini, e o retiro do silencio do Marco foram preciosos para mais insights.
Foram dias intensos e profundos na investigacao do ser com a Fernanda, e dias de reflexões e muita meditacao com o Marco. Como os retiros foram muito próximos um do outro, fui convidada para uma imersão de profundo auto-conhecimento e a pureza da magia do silencio.
Mais um ano abençoado, com muitos ensinamentos, conhecendo pessoas incríveis, trabalhando não para uma pessoa melhor, mas deixando cada vez mais cair todas as mascaras que aprisionam meu verdadeiro EU!
Não tenho palavras para expressar minha gratidão ao Marco, aos assistentes, a sangha, e ate a mim mesma, honrando a personagem nessa aventura.
A peregrina continua seu caminhar ainda mais cheia de Amor e Gratidão...
Segue...
Namaste!
http://www.mauriciobastos.art.br



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um Novo Despertar

Desde qdo me tornei professora de yoga vi o quanto de psicologia poderia ser trabalhada em cada asana (postura) e o quanto a yoga se torna um instrumento de superação de inúmeras manifestações psicológicas, tanto lidar com um obstáculo, quanto lidar com suas próprias emoções, como o medo ou a ansiedade por exemplo. 

Acredito que a dança, a yoga, o esporte, são veículos para o auto-conhecimento, pois nao e a toa que estamos sempre , tanto físicamente como mentalmente, em movimento. E e essa movimentacao que influencia nas nossas vidas. O alerta esta qdo nao prestamos atencao em como nos movimentamos. Um atleta ansioso demais, tera sua respiracao alterada e os movimentos do corpo restritas, o que nao facilitara na sua performance. Quando respiramos conscientes, respeitando nosso corpo e com nossa mente no aqui e agora, tudo flui! Esta tudo ligado (Tadasti). E a yoga como o proprio nome diz, e a união, integração. A yoga nao e religião nem atividade física, simplesmente uma maneira de você viver no seu maior potencial com harmonia.


E por isso que venho desenvolvendo um novo trabalho durante ha algum tempo com, agora meu socio, Luis Turisco. Acreditamos no bem-estar do atleta. Na psicologia desportiva referimos a mente totalmente focada aquela que entra no que os americanos chamam "the zone". Uma zona de plenitude onde tudo flui sem esforco, isto e, um estado meditativo onde nao ha ocilacoes de pensamentos. Entao concluimos que para atingir este estado de alta performance, e preciso estar bem com seu fisico satisfeito com seu treinamento; seu mental sem conflitos com seus pensamentos, ou seja, no aqui-agora; e com sua alma, se nutrindo de fe. 

Quando este tripe esta equilibrado o atleta ou qualquer pessoa faz com que sua vida fique equilibrada, pois a pessoa tem consciencia de que e o grande responsavel. O mundo e apenas o reflexo de como agimos. Nao tem como reclamar ou acusar o outro quando o tripe esta em equilibrio, e e por isso que tudo flui.

Adivinha quem e o nosso maior inimigo? Pois e, nos mesmos! Nos sabotamos, acreditamos nos nossos pensamentos, ficamos com duvida, medo, ansiosos, depressivos... e ainda a culpa e do mundo que esta nos deixando assim... e assim vai... uma bola de neve de acoes e reacoes...

Sabemos entao que estamos sempre em movimento. Sem movimento estaremos mortos. Entao o que e preciso e saber conduzir esse movimento durante todos os dias de nossas vidas... saber dancar nao apenas com seu corpo mas com seus pensamentos, dedicar a danca cantando para seu Deus, e sorrir de agradecimento pelo ser que voce e nesse momento...